Este artigo é direcionado para proprietários de clinicas e consultórios que contratam de alguma forma, colegas de profissão para trabalhar com eles em suas clinicas.
A visão aqui deve ser de quem paga pelo serviço de outro colega. Do ponto de vista de quem está recebendo, logicamente, a maneira de ver e analisar a situação é diferente.
Mas, frisando, como empresário da odontologia, é necessário pensar na sua clinica ou consultório como uma empresa. E toda empresa para dar certo tem que seguir certos procedimentos.
Atenção: Esse artigo tem caráter apenas informativo e é baseado na nossa experiência em gestão de centenas de clinicas por todo o pais, mas ele não substitui a orientação de um advogado ou contador.
Um dos maiores gargalos e que gera muitas dúvidas no meio da odontologia é a forma de contratação e pagamento dos colegas.
Alguns pagam um comissionamento, descontando impostos e taxas. Outros consideram que o profissional contratado vai levar seu próprio material.
Já vamos falar rapidamente sobre como contratar e pagar dentistas na sua clinica, mas é preciso um aviso muito importante: A forma como você paga seus colegas pode quebrar sua clinica!!
Isso acontece porque é fundamental entender que a lucratividade e a rentabilidade do seu negócio depende diretamente dos custos associados a execução do negócio e a margem de contribuição que cada venda de tratamento deixa na sua clinica para pagar os custos fixos e ter lucro.
E em uma clinica odontológica o custo número 01 costuma ser o pagamento da mão de obra especializada, ou seja, dos dentistas.
Não vamos entrar aqui no mérito de que você precisa pagar bem para ter uma boa equipe, ou que na sua cidade é difícil encontrar bons dentistas.
Esse não é o tema desse artigo. Vamos simplesmente listar as formas de contratação e pagamento de dentistas e você deve verificar, de acordo com a sua realidade qual a melhor forma para aplicar no seu consultório ou clinica, sempre lembrando que um erro estratégico produz um PROFUNDO IMPACTO nos resultados financeiros da sua clinica.
Como pagar os dentistas da minha clinica?
Existem basicamente 4 formas de pagamento a dentistas, algumas delas adotadas de forma paralela dentro da mesma clinica. Vamos ver cada uma delas:
01. Comissionamento
Para você como empresário do setor de odontologia esse é o pior modelo de pagamento. Geralmente funciona assim:
Exemplo hipotético:
Preço de venda do tratamento: R$ 1.000,00
(-) Taxas de cartão e Impostos (12%): R$ 120,00
Lucro Bruto: R$ 880,00
(-) Comissão do Dentista (50%): R$ 440,00
Margem de contribuição para a clinica: R$ 440,00 ou 44% de margem de contribuição
Qual o problema aqui? O que o dentista leva é lucro, o que fica na sua clinica é margem de contribuição. Dois conceitos complementares mas que mostram coisas diferentes.
É fundamental que você entenda que não está sobrando 50% de lucro, mais sim 44% de margem de contribuição. Contribuição pra que? Você ainda terá que pagar uma parcela dos seus custos fixos (água, luz, telefone, folha de pagamento, aluguel, condomínio, depreciação de equipamentos, manutenção de equipamentos, marketing, etc, etc.) com o dinheiro que ficou para você com a venda do tratamento (R$ 440,00 no exemplo acima).
Digamos que dependendo da sua estrutura de custos fixos e variáveis, seu lucro real seja de menos de R$ 200,00 em um tratamento vendido por R$ 1.000,00.
Também não é raro encontramos clinicas e consultórios cuja margem de lucro é negativa, ou seja, estão pagando para trabalhar!!
O comissionamento é de longe, para o proprietário da clinica o pior modelo possível de pagamento aos colegas, do ponto de vista empresarial.
02. CLT
Sim, existem casos em que um dentista pode e deve ser contratado pelas leis trabalhistas vigentes, como rege a CLT.
Pense em um dentista orçamentista que trabalha de segunda a sexta-feira de 08:00 as 19:00hs e sábado de 08:00 as 12:00hs.
Essa recorrência e total dedicação, além da subordinação à sua clinica pode configurar vinculo trabalhista, levando a possibilidade de processos trabalhistas em um eventual litígio entre as partes no futuro, mesmo que você tenha um contrato firmado com ele.
É muito comum que dentistas que trabalhem em unidades de franquia e que fazem a triagem inicial dos pacientes sejam contratados por CLT.
03. Diária
Sua clinica está começando e ainda não tem um volume de pacientes que preencha toda sua capacidade de atendimento, ou seja, sua agenda ainda tem buracos, mas você precisa ter alguns especialistas pelo menos uma vez por semana para fazer as avaliações de planos de tratamento que por ventura apareçam?
É normal nesses casos combinar com o especialista um valor de diária, para que toda vez que ele estiver na clinica, por período determinado receba uma valor fixo, independente se atendeu 0 ou 100 pacientes no dia.
Funciona bem por períodos curtos ou para tratamentos que não são comuns de acontecer na sua clinica.
04. Tabela fixa
Provavelmente, do ponto de vista do empresário da clinica essa é a melhor forma de pagar um colega dentista.
De forma simplificada, a explicação para esse modelo começa com o levantamento de todos os procedimentos que você realiza na sua clinica.
A partir dai é preciso detalhar todos os custos fixos e variáveis que cada procedimento realizado gera para a clinica.
Ainda é necessário calcular as despesas de venda incidentes sobre cada tratamento, como impostos, comissionamento de vendas e taxas de cartão de crédito.
Em cima de todos esses custos e despesas é preciso colocar sua margem de lucro ou markup desejado. Algo entre 20% a 25% é uma boa margem de lucro na odontologia.
Realizadas essas contas você precisa saber quanto pode pagar por cada procedimento ao seu colega dentista.
É uma conta reversa. Você não parte do preço de venda para os custos, mas sim o caminho contrário.
A grande vantagem desse modelo é que você torna um custo variável, ou seja, por quanto maior o valor do tratamento vendido, maior o ganho do dentista que executa e menor a margem de contribuição da clinica, para um modelo onde o "sprint" da venda é sempre seu.
Para ficar em um exemplo simples como o caso do tratamento de implantes. Se sua clinica vende uma cirurgia de implantes por R$ 2.500,00 e paga 50% de comissão para o dentista, deduzindo os custos variáveis e despesas de cartão e impostos de 12% (o seu valor pode ser mais alto ou menor) , ele (dentista) vai levar para casa cerca de R$ 1.100,00 para cada implante que você vender, deixando para sua clinica uma margem de contribuição (não lucro, lembre-se você ainda terá muitas contas para pagar) de R$ 1.100,00.
Já se você estabelece um valor fixo ao dentista por cada implante, digamos, R$ 700,00, a cada venda de R$ 2.500,00 sua margem de contribuição será de R$ 1.800,00!!!
Percebe a diferença? Maior lucratividade e rentabilidade no final do mês.
Se você vai encontrar um dentista que aceite receber R$ 700,00 por implante, depende de vários fatores como abundância ou escassez de bons profissionais no mercado, da quantidade de implantes que você vai fazer na sua clinica por mês, etc.
Conclusão
Os exemplos acima são apenas hipotéticos, mas se aplicam totalmente nos mais diversos tipos de clinicas e consultórios.
A gestão da precificação e das formas de pagamento aos dentistas é de fundamental importância para que sua clinica possa crescer não somente em faturamento, mas principalmente em lucratividade e rentabilidade.
Faturamento bruto é um bom indicador, mas tem que ser olhado sempre em conjunto com o lucro e a rentabilidade. Sozinho ele pode mascarar vários problemas.
Se você precisa de ajuda para melhorar e profissionalizar a gestão financeira da sua clinica, entre em contato e converse com um de nossos especialistas.
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